“Porém ele lhes
respondeu: Dai-lhes vós mesmos de comer.
Disseram-lhe: Iremos comprar duzentos denários de pão para lhes dar de comer?”
Mc. 6:37.
Roma vivia um caos Nero havia se
suicidado em 69 dC e Vespasiano havia assumido o império. Guerras internas,
pobreza, fome, descontentamentos era o clima da capital do império. Neste
ambiente destruído pela ambição de déspotas é que Marcos escreve.
Ser seguidor de Jesus naqueles
dias não era algo muito popular. Em 64 dC., Nero acusa os cristãos de haver
incendiando Roma. Eles passam a sofrer retaliações, penalidades como
malfeitores e criminosos. Muitos foram punidos com mortes cruéis: mortos em
fogueiras, degolados, crucificados e entregues as bestas.
Neste ínterim, Pedro e Paulo, ambos
apóstolos, enfrentaram o martírio em Roma. É de Roma que Marcos registra as memórias de
Pedro.
Em função do clima de
perseguição, pobreza e morte muitos cristãos enfrentavam crises de fé. Muitos
haviam deixado de lado a prática da misericórdia, que é o amor de Deus em ação
em favor de necessitado.
Cada pessoa estava preocupada
consigo. Enquanto alguns lutavam para escapar de sentenças de morte, outros
buscavam sobreviver à fome. O egoísmo e individualismo nocivo agravava tal
situação.
Os discursos de Pedro auxiliariam
o jovem Marcos a compor um livro que inspirariam e ajudariam muitas comunidades
a enfrentarem suas crises de fé por meio dos atos e ensinos de Jesus.
O milagre descrito nesta passagem
é registrado por Mateus, Lucas e João. Ele é tão importante que Marcos registra
mais uma multiplicação de pães no cap.8 de seu evangelho.
O texto do cap.6 de Marcos
descreve o ministério de Jesus na Galileia após a morte de João Batista.
Herodes dá um grande banquete, onde recepciona as pessoas mais poderosas
daquela região (Mc. 6:31), onde serve a cabeça de João Batista numa bandeja.
Neste intervalo, os discípulos de Jesus são enviados de dois em dois a
realizarem as obras de Deus curando os enfermos e expulsando os demônios. Eles trabalharam
exaustivamente e, voltam trouxeram boas notícias a Jesus. O mestre resolver levá-los
para um lugar separado onde eles pudessem comer e descansar tranquilamente.
A multidão que havia visto os
sinais por meio das mãos dos apóstolos os reconheceu e resolveu segui-los até
ao local onde haveriam de descansar.
Ao desembarcar Jesus deparou-se
com uma imensa multidão. Eram pessoas simples, camponeses, artesãos, doentes e
pessoas excluídas.
No grego a palavra que descreve
este grupo é “ochlos” e não “laos” mais frequente para referir-se ao
povo das cidades. É pertinente
considerar neste momento que a palavras ochlos
aludia aos menos favorecidos, aos excluídos e abandonados. Ao vê-los Jesus os
descreve como ovelhas sem pastor, isto é, pessoas sem líderes que os
amparassem, que se importassem com elas. Pois o título de pastor era usado para
descrever os líderes políticos da nação desde épocas remotas.
Os discípulos haviam acabado de
chegar de uma exaustiva tarefa e o que eles mais gostariam naquele momento era “o merecido descanso tão esperado”.
Os discípulos haviam operado
milagres e expulsado demônios, agora estariam aprendendo uma das maiores lições
do cristianismo: o amor em ação -
CARIDADES.
Eram pessoas de vários locais cansadas
da viagem. Alguns andaram horas para ouvir o mestre da Galileia e experimentar
as bênçãos oferecidas pelo carpinteiro de Nazaré.
Marcos capta maravilhosamente
aquela cena. Eram pessoas excluídas, esquecidas, sem representação legal,
ninguém se importava com eles. A proposta de Jesus é inclusiva, é um evangelho
que alcança os poderosos desta era, mas que, não abandona os excluídos.
Jesus nos aponta algumas lições
que devemos rememorá-las continuamente:
1. Onde
houve pessoas excluídas, esquecidas e abandonas; lá se faz necessária a
presença de um discípulo de Jesus.
2. Os
atos de misericórdia devem sempre existir, pois eles podem e devem refletir o
caráter de Deus em nós.
3. Lembrem-se:
O pouco de nossas provisões é o suficiente nas mãos do Mestre da Galileia para
satisfazer as necessidades de outros.
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