quarta-feira, 1 de agosto de 2012

DAI-LHES VÓS DE COMER.

“Porém ele lhes respondeu: Dai-lhes vós mesmos de comer. Disseram-lhe: Iremos comprar duzentos denários de pão para lhes dar de comer?” Mc. 6:37.
        O evangelho de Marcos foi escrito aproximadamente entre os anos 67-69 dC. Havia uma grande rebelião ocorrendo na Judeia. Jerusalém estava sitiada sob os constantes ataques das tropas romanas lideradas por Tito Vespasiano. Seus muros não aguentariam o ímpeto deste general e sucumbiriam no ano 70 dC., um ano após seu pai assumir o governo do império.
      Roma vivia um caos Nero havia se suicidado em 69 dC e Vespasiano havia assumido o império. Guerras internas, pobreza, fome, descontentamentos era o clima da capital do império. Neste ambiente destruído pela ambição de déspotas é que Marcos escreve.
      Ser seguidor de Jesus naqueles dias não era algo muito popular. Em 64 dC., Nero acusa os cristãos de haver incendiando Roma. Eles passam a sofrer retaliações, penalidades como malfeitores e criminosos. Muitos foram punidos com mortes cruéis: mortos em fogueiras, degolados, crucificados e entregues as bestas.
      Neste ínterim, Pedro e Paulo, ambos apóstolos, enfrentaram o martírio em Roma.  É de Roma que Marcos registra as memórias de Pedro.
      Em função do clima de perseguição, pobreza e morte muitos cristãos enfrentavam crises de fé. Muitos haviam deixado de lado a prática da misericórdia, que é o amor de Deus em ação em favor de necessitado.
      Cada pessoa estava preocupada consigo. Enquanto alguns lutavam para escapar de sentenças de morte, outros buscavam sobreviver à fome. O egoísmo e individualismo nocivo agravava tal situação.
      Os discursos de Pedro auxiliariam o jovem Marcos a compor um livro que inspirariam e ajudariam muitas comunidades a enfrentarem suas crises de fé por meio dos atos e ensinos de Jesus.
     O milagre descrito nesta passagem é registrado por Mateus, Lucas e João. Ele é tão importante que Marcos registra mais uma multiplicação de pães no cap.8 de seu evangelho.
      O texto do cap.6 de Marcos descreve o ministério de Jesus na Galileia após a morte de João Batista. Herodes dá um grande banquete, onde recepciona as pessoas mais poderosas daquela região (Mc. 6:31), onde serve a cabeça de João Batista numa bandeja. Neste intervalo, os discípulos de Jesus são enviados de dois em dois a realizarem as obras de Deus curando os enfermos e expulsando os demônios. Eles trabalharam exaustivamente e, voltam trouxeram boas notícias a Jesus. O mestre resolver levá-los para um lugar separado onde eles pudessem comer e descansar tranquilamente.
      A multidão que havia visto os sinais por meio das mãos dos apóstolos os reconheceu e resolveu segui-los até ao local onde haveriam de descansar.
      Ao desembarcar Jesus deparou-se com uma imensa multidão. Eram pessoas simples, camponeses, artesãos, doentes e pessoas excluídas.
      No grego a palavra que descreve este grupo é “ochlos” e não “laos” mais frequente para referir-se ao povo das cidades.  É pertinente considerar neste momento que a palavras ochlos aludia aos menos favorecidos, aos excluídos e abandonados. Ao vê-los Jesus os descreve como ovelhas sem pastor, isto é, pessoas sem líderes que os amparassem, que se importassem com elas. Pois o título de pastor era usado para descrever os líderes políticos da nação desde épocas remotas.
      Os discípulos haviam acabado de chegar de uma exaustiva tarefa e o que eles mais gostariam naquele momento era “o merecido descanso tão esperado”.
      Os discípulos haviam operado milagres e expulsado demônios, agora estariam aprendendo uma das maiores lições do cristianismo: o amor em ação - CARIDADES.
       Eram pessoas de vários locais cansadas da viagem. Alguns andaram horas para ouvir o mestre da Galileia e experimentar as bênçãos oferecidas pelo carpinteiro de Nazaré.
       Marcos capta maravilhosamente aquela cena. Eram pessoas excluídas, esquecidas, sem representação legal, ninguém se importava com eles. A proposta de Jesus é inclusiva, é um evangelho que alcança os poderosos desta era, mas que, não abandona os excluídos.
      Jesus nos aponta algumas lições que devemos rememorá-las continuamente:
         1.    Onde houve pessoas excluídas, esquecidas e abandonas; lá se faz necessária a presença de um discípulo de Jesus.
        2.    Os atos de misericórdia devem sempre existir, pois eles podem e devem refletir o caráter de Deus em nós.
        3.    Lembrem-se: O pouco de nossas provisões é o suficiente nas mãos do Mestre da Galileia para satisfazer as necessidades de outros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário