domingo, 18 de março de 2012

O VALOR DA COMUNHÃO.


7 - Então, considerei outra vaidade debaixo do sol, 8 - isto é, um homem sem ninguém, não tem filho nem irmã; contudo, não cessa de trabalhar, e seus olhos não se fartam de riquezas; e não diz: Para quem trabalho eu, se nego à minha alma os bens da vida? Também isto é vaidade e enfadonho trabalho. 9 - Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. 10 - Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante. 11 - Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se aquentará?12 - Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade.” Ec.4:7-12.
[1]
A graça de compartilhar vidas: comunhão.
Falar de comunhão no âmbito humano é falar sobre como se construir relacionamentos saudáveis. A bíblia estabelecer as bases para consolidação destas relações. Vemos no Antigo Testamento a relação de Jetro e Moisés, Jonatas e Davi, Salomão e Natã, etc. Por que é tão importante se construir relações fundamentadas na comunhão contagiante?

A SOLIDÃO.
“De acordo com IBGE 95% lares são formados por pessoas sozinhas, de fato um número assustador, pois trata-se de aproximadamente vinte milhões de pessoas,... Estatísticas revelam que a maior causa de suicídio é a solidão...” [2]
Nesta passagem Salomão discorre sobre o contexto sociopolítico de seu tempo e das futilidades vividas por seus contemporâneos. Ele menciona as lágrimas dos oprimidos e a violência dos que oprimiam o povo (Ec. 4:1). Ele também aborda a competitividade acirrada que já havia em seu tempo (Ec. 4:4) e fala sobre a atitude do preguiçoso (Ec. 4:5-6).
É neste ínterim, que nasce a história de um homem cujo único objetivo na vida é trabalhar e enriquecer-se.
Seus olhos, conforme declara o texto: “... Não se fartam de riquezas;...”. Sua ambição nega-lhe o direito de dividir o que é e o que possui com seu próximo.
O texto fala de alguém que vive sozinho. Ele não possuía esposa, filhos, irmãs ou irmãos, ou seja, era “um homem sem ninguém”.
A vida está repleta de pessoas que vivem sós, às vezes cercadas por pessoas! Vivem na solidão de seu sucesso, vivem no recolhimento de suas conquistas pessoais. Vivem sós!
Alguns dias atrás escrevi um artigo sobre a solidão para o blog do Instituto Bíblico Cristo Luz para as Nações do qual sou presidente:
“Muitas pessoas sofrem sozinhas. Algumas são pessoas com determinação de vencer na vida, de conseguir seus objetivos, porém neste afã, esquece-se que precisam aprender a compartilhar vidas com outras pessoas, precisam aprender que a interação é mais do que dizer bom dia ou dizer olá aos vizinhos e amigos no ambiente de trabalho. Outras, com dores na alma, são feridas pelas experiências traumáticas; algumas cansadas de tentar carregam dentro de si angustias aterrorizantes, frustrações e dilemas, no entanto, seus sofrimentos as tornam insensíveis, duras e sós. Possuem uma visão indiferente quanto ao sofrimento de outros. Por outro lado, existem aqueles cujos traumas os tornaram vulneráveis. São vidas cujos sofrimentos lhes fazem chorar, aborrecer a vida e desesperar quanto a esperança de algo melhor. Todos estes são pessoas que embora estejam inseridos num contexto familiar e social, isolam-se, fechando-se para as relações como forma de defesa. Porém, sofrem a cada manhã.”[3]
Estas pessoas acordam todos os dias com suas angústias, dores, traumas, com suas lágrimas. São pessoas que sofrem.
Em seu recolhimento e isolamento social seu foco dirigia-se dupla direção: trabalhar e ajuntar riquezas.
Esta visão de pessoas focalizadas no trabalho e obstinadas em ganhar riquezas reflete o retrato desta geração. Não existe nada de errado em trabalhar e ajuntar riquezas, porém o homem retratado nesta passagem era alguém cujo único objetivo era trabalhar e enriquecer.
Ele desprezava o valor da amizade e comunhão com o próximo. Ele não se importava em sentir o calor humano, não queria contatos. Ele preferia a solidão e obscuridade à luz de relações de comunhão contagiante.
Esta passagem nos aponta três valores ou aspectos das bênçãos que acompanham a comunhão contagiante: produtividade, ajuda e estímulo.

1.   Quando vivemos a comunhão somos mais produtivos, v.9.
“Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho.

2.   Quando vivemos a comunhão experimentamos a ajuda mútua, v.10.
“Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante.”

3.   Quando vivemos a comunhão sofremos estímulo mútuo, v.11.
“Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se aquentará?”


[1]Sociedade Bíblica do Brasil: Bíblia De Estudo Almeida Revista E Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil, 1999; 2005, S. Ec 4:12.
[2] Um estudo da solidão humana e suas explicações nas ciências psíquicas e na teologia – Estudo comparativo, Renato Nogueira Perez Ávila.

[3] Deus faz que o solitário viva em família, Ev. Jones Douglas D. Lima, Th. D.  – Artigo postado no blog: http://institutocristoluzparasnacoes.blogspot.com/

AS MARCAS INDELÉVEIS DA LIDERANÇA.


Todos nós apreciamos pessoas eficazes, vitoriosas e de sucesso. Elas sempre nos inspiram, motivam e, por fim, tornam-se modelos de vidas. Mas, quais marcas deve o líder possuir para ter sucesso em seu empreendimento? Seriam as habilidades? A formação educacional ou profissional? A pró-atividade?
Embora todas as características sejam importantes e venham contribuir para o melhor desempenho da liderança elas por si só, não são capazes de tornar homens simples em líderes do Altíssimo.
 “Procura dentre o povo homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza; põe-nos sobre eles por chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquenta e chefes de dez”. Êx. 18:21.
Precisamos de homens de Deus e não apenas de administradores de igrejas, precisamos de atalaias e não de comunicadores. Precisamos proclamadores das verdades eternas e não de animadores de plateia. Oxalá! Levante Deus em nossa geração homens como Jetro com sábios conselhos aos líderes iniciantes. Que surjam novos Moisés com humildade de aprender com mais os experientes os conselhos do Eterno.
Ao aconselhar a Moisés Jetro menciona quatro características que são essenciais as pessoas que lideram: capacidade, temor, veracidade e honestidade. Podemos resumir da seguinte maneira: a primeira é qualidade produtiva, a segunda qualidade espiritual, a terceira e quarta, aspectos do bom caráter.
ü Homens capazes: A palavra capaz significa poder conter, poder aprender ou compreender. Esta capacidade está ligada diretamente a competência. Segundo Nancy Gonçalves Dusilek a competência é: “a soma de habilidade e conhecimentos de uma pessoa”.[1]
ü Homens tementes: O temor ao Senhor é o principio da sabedoria (Jó. 28:28; Sl.111:10; Pv.1:7). A sabedoria é base do exercício da liderança nas Escrituras na vida dos filhos de Deus. Aqui a palavra temor significa: “reverência, respeito profundo, consciência de que Deus está presente em nossas atividades, inspirando-nos o medo de ofendê-lo”.
ü Homens de verdade: A palavra hebraica usada nesta passagem significa: “firmeza, fidelidade ou verdade”. Isto é caráter! É a marca de quem fala a verdade; de quem é verdadeiro, autêntico, firme. É alguém que vive a verdade. É aquele que inspira confiança pelo é.
ü Homens que aborreçam a avareza: A expressão na Septuaginta traz a conotação de odiar, detestar, aborrecer o ávido desejo de possuir mais e mais. Pessoas que aborrecem a avareza são pessoas honestas, pois não estão dispostas a qualquer coisa pelo desejo de querer sempre mais a qualquer custo. A palavra avareza segundo Stong é: “desejo ávido de ter mais, cobiça, avareza”.[2]


[1] Dusilek, Nancy Gonçalves. Descobrindo e capacitando líderes. - Rio de Janeiro: Convicção, 2008.
[2] Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Barueri-SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2005.

quinta-feira, 8 de março de 2012

A COMUNHÃO PODE MUDAR A SUA VIDA.



     Tendo chegado a Jerusalém, procurou juntar-se com os discípulos; todos, porém, o temiam, não acreditando que ele fosse discípulo. Mas Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos; e contou-lhes como ele vira o Senhor no caminho, e que este lhe falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de Jesus. At.9:26-27.
[1]
Havia se passado cinco anos desde a morte do Senhor Jesus. Parte dos discípulos estavam espalhados por causa da perseguição que sobreveio a Estevão (At.8:1). Neste momento da narrativa de Atos dos apóstolos, Lucas introduz um novo personagem que ocupará um lugar central na história da igreja primitiva: Saulo.
Seu curriculum causava impacto na vida dos estudantes de teologia rabínica daqueles dias por seu zelo e dedicação (At.22:1-5). Em nome da fé e da religião judaica perseguiu, maltratou, prendeu e humilhou (At.26:4-5,9-12) aqueles que eram conhecidos como “os do caminho” (At. 9:2).
Seu zelo desmedido e sua paixão cega pela religião o levaram a cometer desatinos em nome da fé (1Tm.1:13).
No seu afã de satisfazer os rigores das leis rabínicas lançou-se numa perseguição implacável contra os discípulos do Senhor (At.9:1-2).
Porém, o que ele não esperava era que o Senhor do caminho o aguardava para mudar sua vida para sempre.
Aquela jornada a Damasco seria única, irrepetível, algo inimaginável na vida deste religioso de Tarso, na Cilícia. O próprio Senhor Jesus o apareceu. Era um encontro magnífico, onde o perseguidor tornou-se servo leal daquele que perseguia.
A luz brilhou para Saulo de Tarso, tudo se fez novo interiormente. Porém, exteriormente as pessoas ainda o viam como o atroz carrasco dos que professavam o Caminho.
A sós numa terra distante com a vida completamente mudada, fora de seu controle rigoroso que tanto prezava no farisaísmo, resolveu voltar a Jerusalém (At.9:26) e recomeçar.
Não seria nada fácil enfrentar aqueles que antes eram seus aliados e encarar as famílias daqueles que havia perseguido, maltratado e prendido.
Era um daqueles casos de decisões em nossa igreja que tinha tudo para não dar certo. É neste momento que ressurge das páginas do escrito de Lucas aquele homem chamado José e que carinhosamente é apelidado pelos apóstolos de Barnabé (At.9:27).

QUEM ERA BARNABÉ?
Seu nome era José, que significa: “frutífero”. Recebeu carinhosamente o apelido dado pelos apóstolos de Barnabé (At.4:36). Era da tribo de Levi, natura de Chipre, a terceira maior ilha do Mediterrâneo depois de Sicília e Sardenha. Chipre distava 100 km a oeste da Costa síria. A ilha de Chipre tinha 225 km de comprimento e 97 km de largura. Sua população descendia de Caftorim, filho de Mizraim, neto de Cam e bisneto de Noé (Gn. 10:1, 6,13-14).
Barnabé significa: “filho do encorajamento ou da consolação.” A expressão que aparece em At.4:36 capta bem o significado do termo grego Barnabás – “Filho da consolação.”
Bem, voltando ao cenário da vida de Saulo, ele estava agora em Jerusalém, no centro de tudo. Os apóstolos e a igreja estavam ali diante dele.
No entanto, alguns ainda nutriam receio de que ele estivesse encenando sua conversão, afim de que pudesse descobrir mais segredos sobre eles (At.9:26).
Neste clima de desconfiança e medo surge Barnabé, levita natura de Chipre, apelidado de filho da consolação (At.4:36).
Foi este personagem o principal responsável pela aceitação de Saulo de Tarso no círculo dos discípulos e apóstolos em Jerusalém (At.9:27).
Estava diante de Barnabé aquele que viria a ser o maior e mais proeminente escritor do Novo Testamento. O que tornou possível a caminha de Saulo foi apoio que Barnabé lhe prestou.
O coração de Barnabé estava repleto de comunhão, ele esbanjava a alegria de conviver em paz, amor, tolerância.
Algumas coisas merecem nossa atenção na vida de Barnabé, vejamos:
ü A capacidade de compartilhar vida, At.9:27.
“Mas Barnabé, tomando-o consigo...”.
Tudo indica que Barnabé estava disposto a dividir sua vida com alguém, de compartilha-la com Saulo. Não pode haver comunhão sem desejo de se ter algo em comum outras vidas (At.2:44).

ü A capacidade de acreditar na mudança operada por Deus na vida das pessoas, At.2:26-27a .
“Tendo chegado a Jerusalém, procurou juntar-se com os discípulos; todos, porém, o temiam, não acreditando que ele fosse discípulo. Mas Barnabé, tomando-o consigo,...”
Precisamos seguir o exemplo de Barnabé e dar o voto de confiança as pessoas que acreditamos que Deus já as transformou.
Foi assim que a vida de Saulo foi mudada! Deus agiu poderosamente com sua graça salvadora e Barnabé foi o instrumento que promoveu a comunhão contagiante de Saulo de Tarso com a igreja em Jerusalém e os apóstolos, produzindo a glória de Deus (Gl.1:24; 2:9).

NOSSA ORAÇÃO:
“Senhor nos te suplicamos humildemente em nome de Jesus Cristo que nos ajude a agir como Barnabé, promovendo a comunhão onde houver a desconfiança e o ódio. Que sua graça bendita nos auxilie e nos fortaleça nesta tarefa promovendo a glória de teu nome.”


[1]Sociedade Bíblica do Brasil: Bíblia De Estudo Almeida Revista E Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil, 1999; 2005, S. At 9:31