“7 - Então, considerei outra vaidade
debaixo do sol, 8 - isto é, um
homem sem ninguém, não tem filho nem irmã; contudo, não cessa de trabalhar, e
seus olhos não se fartam de riquezas; e não diz: Para quem trabalho eu, se nego
à minha alma os bens da vida? Também isto é vaidade e enfadonho trabalho. 9 - Melhor é serem dois do que um,
porque têm melhor paga do seu trabalho. 10
- Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só;
pois, caindo, não haverá quem o levante. 11
- Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se
aquentará?12 - Se alguém quiser
prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se
rebenta com facilidade.” Ec.4:7-12.
A
graça de compartilhar vidas: comunhão.
Falar de comunhão no
âmbito humano é falar sobre como se construir relacionamentos saudáveis. A
bíblia estabelecer as bases para consolidação destas relações. Vemos no Antigo
Testamento a relação de Jetro e Moisés, Jonatas e Davi, Salomão e Natã, etc.
Por que é tão importante se construir relações fundamentadas na comunhão
contagiante?
A
SOLIDÃO.
“De acordo com IBGE 95%
lares são formados por pessoas sozinhas, de fato um número assustador, pois
trata-se de aproximadamente vinte milhões de pessoas,... Estatísticas
revelam que a maior causa de suicídio é a solidão...” [2]
Nesta passagem Salomão
discorre sobre o contexto sociopolítico de seu tempo e das futilidades vividas
por seus contemporâneos. Ele menciona as lágrimas dos oprimidos e a violência
dos que oprimiam o povo (Ec. 4:1). Ele também aborda a competitividade acirrada
que já havia em seu tempo (Ec. 4:4) e fala sobre a atitude do preguiçoso (Ec.
4:5-6).
É neste ínterim, que
nasce a história de um homem cujo único objetivo na vida é trabalhar e
enriquecer-se.
Seus olhos, conforme
declara o texto: “... Não se fartam de
riquezas;...”. Sua ambição nega-lhe o direito de dividir o que é e o que
possui com seu próximo.
O texto fala de alguém
que vive sozinho. Ele não possuía esposa, filhos, irmãs ou irmãos, ou seja, era
“um homem sem ninguém”.
A vida está repleta de
pessoas que vivem sós, às vezes cercadas por pessoas! Vivem na solidão de seu
sucesso, vivem no recolhimento de suas conquistas pessoais. Vivem sós!
Alguns
dias atrás escrevi um artigo sobre a solidão para o blog do Instituto Bíblico Cristo Luz para as Nações
do qual sou presidente:
“Muitas pessoas sofrem sozinhas. Algumas são pessoas com determinação de
vencer na vida, de conseguir seus objetivos, porém neste afã, esquece-se que
precisam aprender a compartilhar vidas com outras pessoas, precisam aprender
que a interação é mais do que dizer bom dia ou dizer olá aos vizinhos e amigos
no ambiente de trabalho. Outras, com dores na alma, são feridas pelas
experiências traumáticas; algumas cansadas de tentar carregam dentro de si
angustias aterrorizantes, frustrações e dilemas, no entanto, seus sofrimentos
as tornam insensíveis, duras e sós. Possuem uma visão indiferente quanto ao
sofrimento de outros. Por outro lado, existem aqueles cujos traumas os tornaram
vulneráveis. São vidas cujos sofrimentos lhes fazem chorar, aborrecer a vida e
desesperar quanto a esperança de algo melhor. Todos estes são pessoas que
embora estejam inseridos num contexto familiar e social, isolam-se, fechando-se
para as relações como forma de defesa. Porém, sofrem a cada manhã.”[3]
Estas
pessoas acordam todos os dias com suas angústias, dores, traumas, com suas
lágrimas. São pessoas que sofrem.
Em seu recolhimento e
isolamento social seu foco dirigia-se dupla direção: trabalhar e ajuntar
riquezas.
Esta visão de pessoas
focalizadas no trabalho e obstinadas em ganhar riquezas reflete o retrato desta
geração. Não existe nada de errado em trabalhar e ajuntar riquezas, porém o
homem retratado nesta passagem era alguém cujo único objetivo era trabalhar e enriquecer.
Ele desprezava o valor
da amizade e comunhão com o próximo. Ele não se importava em sentir o calor
humano, não queria contatos. Ele preferia a solidão e obscuridade à luz de
relações de comunhão contagiante.
Esta passagem nos
aponta três valores ou aspectos das bênçãos que acompanham a comunhão
contagiante: produtividade, ajuda e estímulo.
1. Quando vivemos a comunhão somos
mais produtivos, v.9.
“Melhor
é serem dois do que um, porque têm
melhor paga do seu trabalho.”
2. Quando vivemos a comunhão experimentamos
a ajuda mútua, v.10.
“Porque
se caírem, um levanta o companheiro;
ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante.”
3. Quando vivemos a comunhão sofremos estímulo
mútuo, v.11.
“Também,
se dois dormirem juntos, eles se
aquentarão; mas um só como se aquentará?”
[1]Sociedade
Bíblica do Brasil: Bíblia De Estudo
Almeida Revista E Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil, 1999; 2005,
S. Ec 4:12.
[2]
Um estudo da solidão humana e suas explicações nas ciências psíquicas e na
teologia – Estudo comparativo, Renato Nogueira Perez Ávila.
[3] Deus faz que
o solitário viva em família, Ev. Jones Douglas D. Lima, Th. D. – Artigo postado no blog: http://institutocristoluzparasnacoes.blogspot.com/